TEOTIHUACAN, A “CIDADE DOS DEUSES” OU “CIDADE DO SOL”
Teotihuacán, que fica a 50 km da Cidade do México, é um dos sítios arqueológicos mais populares do país e também um dos mais misteriosos. As pirâmides são impressionantes por serem tão grandes, mas a verdade é que sabemos muito pouco sobre essa cidade que tem mais de 600 anos de história. Quando os astecas chegaram lá, a cidade já estava abandonada e em ruínas por quase mil anos.
Os astecas acharam que o lugar era sagrado e o chamaram de Teotihuacán, que em náuatle quer dizer algo como "onde alguém se torna um deus" ou "onde os deuses nascem". Foram eles que deram nome às construções da cidade, como a "Avenida dos Mortos", porque pensaram, de forma errada, que as pirâmides ao lado eram túmulos.
Estudos mais recentes mostram que o nome Teotihuacán pode ter sido mudado pelos colonizadores espanhóis no século XVI. De acordo com a arqueóloga Verônica Ortega, do Instituto de Antropologia e História, o nome original da cidade era Teohuacan, que significa "Cidade do Sol" e não "Cidade dos Deuses". Os astecas também criaram lendas sobre Teotihuacán, como a origem do Quinto Sol, uma história recolhida pelo frei franciscano Bernardino de Sahagún:
Quando ainda era noite
Quando ainda não havia dia,
Quando ainda não havia luz,
Os deuses se encontraram,
Eles se reuniram em Teotihuacán.
Primeiras memórias, de Bernardino de Sahagún.
O QUE OS HISTORIADORES FALAM SOBRE TEOTIHUACÁN?
Teotihuacán surgiu por volta de 100 a.C., mas até hoje ninguém sabe ao certo qual povo a construiu ou qual era o seu nome original. Por isso, chamamos essa civilização de "cultura teotihuacana". Como na época não havia uma tradição escrita, entender mais sobre Teotihuacán se torna um grande desafio para os pesquisadores.
A cidade atingiu seu auge entre os anos 450 e 650, chegando a ter cerca de 150 mil habitantes! Naquele tempo, era a maior cidade das Américas e uma das maiores do mundo, com uma área de 20 km². Para você ter uma ideia, Constantinopla tinha apenas 2,5 km² no século VII, Paris tinha 2 km² no século XII e Londres, 1,82 km² no século XIII.
Os estudiosos têm diferentes teorias sobre como Teotihuacán cresceu tanto. Alguns acreditam que isso aconteceu graças ao comércio. Outros acham que era uma cidade militar e que sua expansão foi conquistada com armas. Também é possível que o poder de Teotihuacán tenha vindo de uma combinação dessas coisas: comércio, força militar e alianças políticas.
A cidade foi planejada com muito cuidado. Ela tinha uma avenida principal chamada Avenida dos Mortos, com cerca de 5 km de extensão, e os bairros eram organizados por ruas retas. Ao longo dessa avenida central, existem cerca de 80 construções de diferentes tipos e tamanhos. Três delas se destacam: a Pirâmide do Sol, a Pirâmide da Lua e o Templo de Quetzalcoatl, o deus conhecido como "serpente emplumada".
A influência de Teotihuacán era enorme e alcançava boa parte da Mesoamérica. Isso pode ser percebido pelas semelhanças artísticas e arquitetônicas com os maias e até com povos que viviam na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
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Teotihuacán: avenida dos Mortos vista a partir da Pirâmide da Lua tendo, à esquerda, a Pirâmide do Sol. |
UMA CIDADE, VÁRIOS POVOS
Teotihuacán
era um lugar incrível que atraía gente de várias culturas e regiões distantes.
Essas pessoas iam até lá para negociar seus produtos e fazer oferendas aos
deuses. Com tanta atividade comercial e artesanal, além de uma população super
diversa, Teotihuacán se tornou uma cidade enorme e cheia de vida, quase como
uma metrópole da antiguidade. Muita gente foi para lá em dois grandes
momentos, causados por erupções vulcânicas. Esses imigrantes acabaram se
instalando nos bairros ao redor da cidadela e trabalhavam em troca de comida,
como tortilhas, enfrentando jornadas bem puxadas. Isso foi descoberto depois de
quase dez anos de escavações em Teopancazco, um dos bairros da cidade, que fica
a uns dois quilômetros da famosa Pirâmide do Sol. Os estudos de DNA e minerais
nos ossos das pessoas enterradas ali mostraram detalhes sobre o que elas comiam,
as doenças que enfrentavam e de onde vinham – lugares como Puebla, Tlaxcala,
Hidalgo, Veracruz, Oaxaca e Chiapas.
Mas a vida não era fácil para todo mundo.
Muitos dos restos encontrados apresentavam sinais de doenças causadas pela
desnutrição na infância, como anemia ou escorbuto, que surgiam por conta da
falta de frutas na dieta. Os bairros competiam entre si para trazer os produtos
mais luxuosos para a cidade e criar as roupas mais coloridas e elaboradas para
os líderes. Era uma correria para se destacar nesse centro urbano tão
movimentado! O
GOVERNO DE TEOTIHUACÁN
Ninguém sabe ao certo quem foram os construtores de Teotihuacán, nem quem eram seus governantes ou qual era sua religião. Não foram encontrados túmulos reais, nomes ou objetos que possam ser ligados a alguma liderança específica. Diferente das cidades-estados maias ou de Tenochtitlán, a capital asteca, Teotihuacán não tinha um líder único. É possível que a cidade fosse administrada por um conselho ou assembleia de chefes, que cuidava das grandes rotas comerciais. Logo abaixo deles, estavam os chefes dos quatro distritos e dos 22 bairros, que formavam uma espécie de nobreza menor. Teotihuacán era uma cidade cheia de artesãos e comerciantes, e acredita-se que as atividades dos distritos e bairros, junto com as práticas artesanais e funerárias, tenham ajudado a moldar o Conselho de Governo. A PIRÂMIDE DO SOLA Pirâmide do Sol é impressionante! Com 65 metros de altura e uma base de 222 m por 225 m, ela é a maior da América e a terceira maior do mundo. O nome foi dado pelos astecas, mas o original ainda é um mistério. A pirâmide tem cinco plataformas e, no topo, ficava um templo que hoje não existe mais, assim como as pinturas que enfeitavam suas paredes externas. Toda a estrutura era coberta com um reboco de cal, onde eram feitas pinturas coloridas, com destaque para as cores vermelho, azul e branco. Essas pinturas mostravam imagens como cabeças e patas de jaguar, estrelas e chocalhos de cobras, mas hoje só restam alguns vestígios.
Em 2013, durante uma escavação no topo da pirâmide, foi encontrada uma estátua incrível do deus do Fogo, Huehueteotl. Ela estava a apenas 50 cm da superfície e é a maior escultura desse tipo já descoberta em Teotihuacán. Feita de pedra andesita cinza, a estátua tem 61 cm de altura, pesa 190 kg e está praticamente intacta. Ela mostra um ancião sentado com as pernas cruzadas, mãos nos joelhos, usando um toucado e com um braseiro na cabeça. A descoberta de Huehueteotl ajuda a entender um pouco mais sobre os rituais realizados na Pirâmide do Sol. Um exemplo é a cerimônia do "fogo novo", que acontecia a cada 52 anos, quando o calendário solar de 365 dias coincidia com o calendário de 260 dias. Fascinante, não acha? |

A PIRÂMIDE DA LUA
Quetzalcoatl é uma das divindades mais importantes da Mesoamérica. Seu nome vem da junção de "quetzal", um pássaro típico da América Central, e "coatl", que significa "serpente". Assim, ele é conhecido como o deus Serpente Emplumada. O templo dedicado a ele, localizado em Teotihuacán, tem 65 metros de cada lado e é decorado com sete camadas cheias de detalhes, incluindo cabeças de serpentes emplumadas, conchas e caracóis.
Pesquisas recentes indicam que Quetzalcoatl era o protetor dos governantes de Teotihuacán e que sua pirâmide tinha ligação com a criação do tempo e do calendário. Como ele também era associado à estrela vespertina, acredita-se que a pirâmide homenageasse o planeta Vênus.
Durante escavações, foram encontrados túmulos com restos humanos e objetos de sacrifício, embora muitos já tivessem sido saqueados antes de serem estudados. Em 2015, um túnel sob a pirâmide revelou mais de 50 mil artefatos rituais, como esculturas de pedra, pedras preciosas, incensários, ferramentas e lâminas de obsidiana. Esse túnel tem 138 metros de comprimento, e seu teto foi coberto com pirita, um metal dourado que, quando iluminado por tochas, fazia o teto brilhar como se fosse um céu cheio de estrelas.
O MISTERIOSO FIM DE TEOTIHUACÁN
Teotihuacán teve um fim tão misterioso quanto sua origem. Por volta de 650, a cidade começa a perder população por razões desconhecidas. Não há mais construções e bairros são despovoados. A cidade chega a ter 75.000 habitantes, 25% em relação à época de maior esplendor. Ainda era a maior cidade do vale do México e uma das maiores da Mesoamérica. Os edifícios mais importantes do centro da cidade foram incendiados, mas a maioria dos bairros restantes não sofreu danos. Não há sinais de um ataque de fora. Supõe-se, portanto, que os próprios habitantes causaram a destruição em um ato ritual, algo parecido feito pelos olmecas. As construções ao redor da Avenida dos Mortos foram sistematicamente destruídas pelos habitantes da cidade, desmanteladas e reduzidas a escombros. A cidade parece ter perdido gradualmente sua importância original como centro econômico, até que finalmente não conseguiu mais se sustentar. Por volta de 750, a área urbana estava reduzida a 5.000 pessoas. Teotihuacán chegou a um colapso. Os últimos moradores deixaram a cidade pelo menos um século depois que o centro da cidade fosse destruído. No entanto, a cidade nunca foi completamente esquecida, tornando-se um importante local de peregrinação. Os astecas, em particular , reverenciavam Teotihuacán, pois acreditavam ser o lugar onde o mundo foi criado e seus deuses nasceram. |
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A cultura teotihuacana (área marrom) se espalhou por grande parte da Mesoamérica (área verde) chegando até a área maia, no atual território da Guatemala. ATIVIDADES: (EF06HI08) Identificar os espaços territoriais ocupados e os aportes culturais, científicos, sociais
e econômicos dos astecas, maias e incas e dos povos indígenas de diversas regiões brasileiras. ![]() BAIXE ATIVIDADE GRATIS |
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